SAIBA SOBRE CRIOLIPÓLISE

Este artigo é um resumo da Revisão feita pelos Fisioterapeutas Fabio dos Santos Borges e Flávia Acedo Scorza.

A criolipólise é uma técnica não invasiva por resfriamento localizado do tecido adiposo subcutâneo. Este resfriamento leva a morte adipocitária por apoptose, onde  é necessário que a temperatura atinja entre -5⁰ à -15⁰C para a total eficácia do tratamento com criolipólise.

INTRODUÇÃO

A Criolipólise foi criada em 2005 após vários estudos e vem se tornando um dos recursos mais eficazes para o tratamento de gordura subcutânea em vários países.

Estudos iniciais foram fundamentados em episódios de paniculite, no qual fizeram entender que tecidos ricos em lipídios são mais suscetíveis a lesões pelo frio do que tecidos ricos em água. Desta forma havendo controle da aplicação do frio sobre a pele, é possível lesionar seletivamente os adipócitos subcutâneos, proporcionando uma forma eficaz de tratar o excesso de tecido adiposo.

Com base neste conceito, pesquisadores desenvolveram um estudo piloto com um porco, onde determinaram a viabilidade da redução de gordura. Através de dez áreas escolhidas para a pesquisa, estas foram expostas ao resfriamento de -7⁰C e após 3 meses, observou que as áreas tiveram diminuição visível e mensurável na espessura da camada superficial da gordura. O frio foi capaz de induzir a morte dos adipócitos por apoptose sem qualquer prejuízo para a pele ou estruturas internas adjacentes, estudo este através de análise histológica.

Após vários dados publicados sobre a eficácia do tratamento a FDA ( Food and Drug Administration) aprovou a criolipólise para tratamento de gordura subcutânea em várias regiões do corpo tais como: flancos, abdomem e coxas. Atualmente o seu uso também está autorizado pela Health Canadá, pela União Europeia e na Asia como um tratamento não invasivo para a redução da gordura subcutânea localizada.

Desde sua introdução no mercado, mais de 650.000 atendimentos com criolipólise foram realizados em todo mundo. Verificou-se no mercado nacional uma grande procura para aquisição do equipamento de criolipólise, porém também observou-se que não houve padronização do procedimento, gerando protocolos de atendimentos duvidosos e inconsistentes.

Por conta disto, o estudo deste artigo do  Fábio dos Santos Borges e Flávia Acedo Scorza, tem por objetivo, elucidar alguns elementos de fundamentação da técnica da criolipólise a fim de prover o entendimento necessário para a realização de um procedimento terapêutico eficiente.
Metodologia

A estratégia metodológica definida por ele  foi uma revisão de literatura por meio de artigos científicos nacionais e internacionais selecionados a partir de consultas às bases de dados SciELO (Scientifc Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MedLine (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) via PubMed, e na internet no período de 2006 a 2014.

Resultados
Como resultado final, foram identificados um total de 11 artigos específicos sobre o tema estudo da (tabela 1), 10 artigos relacionados a técnica de criolipólise e que serviram para sustentar a discussão, e 17 fontes complementares que apoiam a ideia central do estudo.
Discussão
Apesar de pouco tempo de existência no mercado, é crescente o interesse pela criolipólise e esta técnica vem se tornando popular entre os vários profissionais da área de estética.
Como vimos os estudos indicaram que a criolipólise é capaz de induzir a morte apoptótica do adipócito através da geração de uma paniculite local, uma resposta inflamatória (paniculite lobular) induzida pelo resfriamento dos adipócitos no qual precede a redução da camada de gordura.
Esta inflamação é o principal elemento desencadeador do fenômeno da apoptose, hipotetizada como a chave para a morte dos adipócitos, redução da gordura localizada e consequentemente a responsável pelo resultado estético do tratamento.
A lesão inflamatória pôde ser observada histologicamente a partir do segundo dia ( 24 a até 72 horas) após a aplicação, perdurando até 30 dias, onde observou-se presença de neutrófilos e células mononucleares.
Verificou-se também que na semana seguinte o infiltrado inflamatório se torna mais denso e a paniculite lobular atinge seu pico (14 dias após a aplicação). A partir do 14⁰ até o 30⁰ dia, o infiltrado inflamatório torna-se mais fagocitário e consistente. Os macrófagos começam a envolver e digerir os adipócitos apoptóticos como parte da resposta natural do organismo à lesão.
A partir daí, de 60 até 120 dias, ocorre a redução da infiltração inflamatória e do tamanho do número de adipóctos , observa-se um espessamento aparente dos septos fibrosos.  Momento onde se observa o ápice da redução da camada de gordura e consequentemente é o momento onde podemos julgar os resultados terapêuticos obtidos pós-tratamento.

O uso da criolipólise passou a ser associado a outros protocolos de tratamentos, incluindo o uso associado de outros aparelhos e técnicas, porém somente o uso de ondas de choque tem respaldo na literatura. Quanto ao restante, radiofrequência, carboxiterapia entre outros, fazer tal associação poderia trazer riscos à saúde de alguns pacientes, pois as paniculites foram associadas a quadros de crioglobulinemia em algumas afecções onde haja fator reumatoide positivo (Síndrome de Sjögren, lúpus, vasculite, artrite reumatoide, hepatite C). Portanto, o uso destas terapias associadas pode agravar uma paniculite já instalada podendo favorecer a crioglobulinemia em pacientes portadores de algumas dessas afecções citadas causando aumento do processo inflamatório.

Além disso, estes tratamentos poderiam gerar fibroses residuais, fato este em que o uso apenas da criolipólise é difícil de acontecer em virtude da lesão do adipócito ocorrer pela apoptose e não gerar necrose celular como é o caso da radiofrequência, ultracavitação e carboxiterapia, por exemplo.
Mesmo sabendo da probabilidade de lesões, o mercado vem utilizando de associações, porém profissionais mais respeitados, fazem esta associação após 30 dias do uso da criolipólise, onde o quadro de paniculite se reduz bastante. Entendemos ser esta a melhor estratégia terapêutica no momento, principalmente se basearmos em alguns relatos de autores que defendem que uma nova inflamação, após a paniculite inicial, poderia reduzir mais gordura a longo prazo.

Outro fundamento bastante discutido e controverso é a segurança do método em relação ao metabolismo da gordura após a morte do adipócito.

Inicialmente pensou-se que como o adipócito é destruído e fagocitado, a gordura poderia ser liberada para o sangue, mas de forma desprezível. Porém resultados verificados em estudos não mostraram alterações no perfil lipídico, nem disfunções hepáticas, atestando a segurança da criolipólise.
Justificando isso, Mainsten et al, relataram que, possivelmente a perda de gordura é tão gradual que um aumento nos níveis de lipídios circulantes não foi mensurável, pois a gordura permanece sequestrada dentro do adipócito até ser digerida e varrida pela inflamação natural que ocorre no local da paniculite, pois o aparecimento de numerosas células mononucleares (macrófagos ativos) carregadas de lipídeos indica que os adipócitos mortos foram removidos por fagocitose.

Falando ainda sobre a segurança do método, estes é um dos grandes diferenciais da criolipólise em relação a outros recursos terapêuticos no tratamento da gordura localizada.
Vários autores atestam que os eventos adversos são pequenos e normalmente não trazem sequelas ou complicações importantes, e, sua reversão ou resolução ocorre em curto espaço de tempo.

Conclusão
Verificou-se que a criolipólise, embora possua fundamentos técnicos e práticos claramente definidos em suas publicações, a técnica ainda tem problemas para uma padronização terapêutica, principalmente em relação a temperatura adequada para o tratamento, pois de todas as publicações específicas sobre o assunto, somente 2 não foram feitas utilizando equipamento Zeltiq Aesthetic Inc., e isso não traduz a realidade do mercado, pois principalmente na América do Sul há em uso mais equipamentos asiáticos e sul americanos que o modelo americano fabricado pela Zeltiq.

Em regra geral as temperaturas são aferidas em Graus Celsius ou Fahrenheit, entretanto, a Zeltiq Aesthetic Inc após seus estudos promissores em animais, desenvolveu seu equipamento com um mecanismo exclusivo de controle de temperatura batizado de Fator de Intensidade de Resfriamento, também conhecido como CIF ( Cooling Intensity Factor). Isso tem tornado o parâmetro para aferir temperatura despadronizado, principalmente porque grande parte dos aparelhos utilizados no mercado tem por base o controle da temperatura em Graus Celsius ( -5⁰ a -15⁰).
Com base na literatura analisada, ainda faltam instrumentos conceituais unificados sobre a técnica de criolipólise, a fim de nortear o entendimento necessário para a realização de um procedimento terapêutico padronizado. Independente disso, os resultados clínicos obtidos foram eficientes.

Vale ressaltar que a criolipólise por não ser um tratamento invasivo e não necessitar do emprego de anestésicos ou qualquer outro medicamento, pode ser realizada por qualquer profissional da área de estética.

 


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